O cinema brasileiro vive uma grande primavera! E boa parte dessa energia vem do interior paulista.
E justamente no Halloween, resolvi falar de um exemplo emblemático. O longa “Love Kills”, dirigido pela ribeirão-pretana Luiza Shelling Tubaldini, produzido pela Filmland Internacional e coproduzido por Edgard de Castro, nome histórico do cinema nacional e idealizador da Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.
Antes de chegar a festivais internacionais, Love Kills nasceu sob o olhar atento da Film Commission — e isso faz toda a diferença.
💀 Amor, sangue e humanidade: o terror que emociona
Baseado na graphic novel homônima de Danilo Beyruth, o filme é um thriller “romantasy” ambientado na Cracolândia, em São Paulo.
A protagonista, Helena (interpretada por Thais Lago), é uma jovem vampira que assombra um café no centro da cidade e se envolve com Marcos (Gabriel Stauffer), um garçom que desconhece o mundo sobrenatural ao seu redor.
A trama mistura terror, fantasia e romance para tratar de temas humanos e dolorosos — como traumas, exclusão social, abuso e reconstrução da identidade — sob a perspectiva de mulheres marginalizadas.
Mais do que um filme de vampiros, Love Kills é uma metáfora visual sobre sobrevivência e afeto em meio à escuridão urbana.
Como destacou o DarkBlog, da DarkSide Books, o longa “ressignifica o terror, trazendo humanidade a personagens tradicionalmente vistos como monstros.”
🎥 Nada de filme “trash”
O cinema nacional até hoje sofre preconceitos por parte da audiência. Mas se você espera baixa qualidade de áudio e imagem de Love Kills, prepare-se para se espantar.
O filme impressiona pela qualidade técnica, estética, poética e artística:
- 🎵 Uma trilha sonora premiada que intensifica cada batida de suspense, composta por Ariel Henrique e Tales Manfrinato;
- 🎬 Uma fotografia arrebatadora, que combina o contraste entre luz e sombra para recriar o clima sombrio e poético dos quadrinhos;
- 💡 Uma direção refinada, que nos transporta para dentro de uma HQ viva, equilibrando tensão, beleza e emoção.
Love Kills é cinema de gênero em sua forma mais sofisticada — com alma brasileira, ritmo internacional e um olhar feminino poderoso.
Não tem outra forma de dizer: Dá muito orgulho de assistir um filme de vampiros desta qualidade em português.
Aproveite o Halloween para assistir ao trailer e tirar suas próprias conclusões:
👉 Assista ao trailer de Love Kills
🏆 Do Festival do Rio a Cannes
A estreia mundial aconteceu no Festival do Rio, onde o filme conquistou o prêmio de Melhor Trilha Sonora Original, assinada por Ariel Henrique e Tales Manfrinato.
Em seguida, Love Kills foi selecionado para os principais eventos do cinema fantástico:
- 🎞️ 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
- 🩸 58º Festival de Sitges (Espanha) — o maior festival de cinema de terror e fantasia do mundo
- 🔥 Morce-GO Vermelho – Goiás Horror Film Festival
- 🎥 Fantastic Pavilion / Blood Window – Festival de Cannes
Em Cannes, o filme ganhou visibilidade no Fantastic Pavilion, o maior espaço dedicado ao cinema de gênero dentro do festival.
Ali, Love Kills foi recebido como um símbolo do novo cinema fantástico brasileiro — autoral, provocador e socialmente relevante.
🌆 Ribeirão Preto no mapa do cinema mundial
A conexão com Ribeirão Preto não está apenas no talento da diretora.
A produção contou com apoio da Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade, com grande apoio da Secretária Maria Eugênia Biffi além de recursos da Lei Paulo Gustavo.
Esse suporte institucional foi essencial para viabilizar a produção e projetar o nome da cidade nos grandes festivais internacionais.
O sucesso de Love Kills é uma prova concreta de que o trabalho iniciado pela Film Commission — idealizada por Edgard de Castro e coordenada por Junior Perini, com o apoio do IPCIC – Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais — está gerando frutos de alcance global.
“Antes de Cannes, teve Film Commission.”
E antes do tapete vermelho, houve o compromisso de uma região inteira com o cinema.
🌍 O legado de uma nova geração
Para além dos prêmios, Love Kills marca o início de uma geração de cineastas que escolhe o interior como base e o mundo como destino.
Luiza Shelling Tubaldini, com sua sensibilidade e coragem estética, se une a nomes como Tato Siansi e tantos outros profissionais do audiovisual da nossa região que estão construindo uma nova identidade para o audiovisual brasileiro.E por trás desse movimento, o mesmo nome que há décadas planta as bases de um cinema forte e descentralizado: Edgard de Castro, idealizador e grande motor da Film Commission, cuja visão continua inspirando produtores, diretores, sonhadores e até simples entusiastas, como eu.
